O Presidente da Venezuela,
Nicolas Maduro, quis estender a mão à oposição para falar de paz, mas esta
recusou. Não é de espantar.
Essa mão estendida era a
mesma que o sucessor de Hugo Chávez brandia na televisão venezuelana,
prometendo um “punho de ferro” contra os “fascistas”, ou seja, contra os
manifestantes que contestam o seu governo.
Não é surpresa para ninguém
que Maduro, um político incompetente, ridículo e sem sombra de carisma, esteja
a ser incapaz de gerir o “chavismo sem Chávez”. Menos de um ano após a morte do
fundador da revolução bolivariana, o “socialismo do século XXI” está reduzido a
uma caricatura de si mesmo. A Venezuela é um dos principais produtores de
petróleo do mundo. Apesar disso, a sua economia está à beira da catástrofe, com
uma inflação galopante e uma dívida incontrolável.
O chavismo assenta no uso da
renda do petróleo para subsidiar as populações mais pobres, mas estas já estão
sob a ameaça da fome. O socialismo populista alimentado a petróleo odeia a
iniciativa privada e não dá qualquer hipótese à economia. Incapaz de controlar
o descontentamento, comporta-se como qualquer ditadura, censurando os meios de comunicação
e reprimindo os manifestantes – 14 pessoas já perderam a vida nos protestos.
Nicolas Maduro já disse que
“a Venezuela não é a Ucrânia”, mas as suas hipóteses de sobreviver
politicamente a esta crise são tão débeis quanto eram as do Presidente ucraniano,
Viktor Ianukovich. O carisma de Chávez escondia muitas fragilidades do regime.
Maduro não é sequer respeitado entre os seus. Mais cedo ou mais tarde, as
contradições do “socialismo do século XXI” viriam ao de cima e exporiam a
incapacidade da liderança venezuelana em escapar ao beco sem saída.
Só que, ontem como hoje, a
Venezuela é um país politicamente partido ao meio: metade chavista, metade
contra o chavismo. Sem diálogo entre as partes, o risco do caos se instalar é
enorme.
já tinha saudades das tuas sábias análises sociais :)
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