domingo, 5 de maio de 2013

Tripeiro eu sou! Sobre a Primeira Final Europeia. (2003)

Como adepta de futebol e do Porto já tive muitas tardes, noites, e até mesmo manhãs inesquecíveis. Muitos jogos, muitos golos e muitos festejos que me fizeram sorrir, cantar e gritar até não poder mais.

Não me consigo lembrar da primeira vez que fui ao Estádio das Antas, mas consigo recordar as tantas vezes que saltei aqueles torniquetes para entrar e ver o jogos com o meu pai. Na altura, o meu "lugar" era na arquibancada e está claro, que eu com os meus 9, 10 anos, não ia pra lá sozinha.

Desses dias é impossível esquecer o estacionamento na bomba da Fernão de Magalhães, o prego no Scala, ou na Velazquez, a bilheteira das Antas. Nos clássicos, a ida mais cedo... para ver o ambiente e o autocarro a chegar. Que boas recordações daqueles "Porto-Benfica", em que sempre começávamos a perder mas que era certo que a vitória (não a águia) no fim nos esperava.

Que saudades da Festa do Penta, (ainda tenho a mão de papel que o JN ofereceu nesse dia), das apresentações e da dança do Dragão que ainda hoje nos visita.

Das noites europeias em que não me queriam deixar ir (como se eu me importasse com as aulas do dia seguinte :p ). Era sempre melhor levar o sorriso de vitória no dia seguinte para a escola.

Ainda tive a sorte de poder ver jogar o Domingos, o Rui Barros, o Drulovic, o Aloísio, o Paulinho Santos. Ou que bem me lembro dos golos do Jardel, e das tardes em que ele marcava quatro golos e ia ao microfone dizer alguma coisa como "só mais um, com assinatura de Jardeu".

Das fintas com os dois pés do Deco, aos tiros do McCarthy chegamos à qualificação para Taça Uefa da época 2002-2003. Foi o melhor mesmo dessa época desastrosa de 2001-2002.

Do caminho até Sevilha, aquele Porto- Panathinaikos em que ficamos todos a aplaudir a equipa no fim do jogo, e em que o Mourinho nos pediu calma, querendo dizer que a eliminatória ainda não tinha acabado.

Umas semanas mais tarde, a meia final, e muito provavelmente o melhor jogo que vi do Porto. Um dilúvio e uma noite mágica no inferno das Antas. Espectáculo como há muito não se via e uma goleada á Lázio do Mancini.  (Aquela aula de francês que não acabava para arrancar para o Porto!!).

Daí até Sevilla foi um instante. A procura de bilhetes foi difícil mas por fim lá consegui o quadradinho mágico. Eu queria ir àquela final, são coisas que podem acontecer uma vez na vida. Mas por sorte, um ano depois já estava noutra.

Ver a nossa equipa numa final europeia é o sonho de qualquer adepto, e como devem calcular a ânsia na véspera desse 21 de Maio de 2003 tomou conta de mim.

Tudo foi preparado ao pormenor, a roupa, os acessórios, o cachecol de sempre, e os avisos aos professores de que ia faltar às aulas. Ir ao estrangeiro com 13 anos ver um jogo de futebol tem que se lhe diga.

Chegado o grande dia...e depois de ver um Sá Carneiro vestido de azul e branco, aterrei em Sevilla cheia de confiança. Lá, um calor de morrer. Uns 40 graus em Maio.

Tudo foi uma aventura... a entrega dos bilhetes num café movimentado (medo!) um beijinho à Sónia Araújo e a o Jorge Gabriel que em directo, apresentavam a Praça da Alegria desde a Catedral da cidade, uns escoceses a nadar em cerveja, mas sempre muito simpáticos...

Se não há como descrever na perfeição o que foi o dia e o ambiente na cidade, mais difícil é escrever sobre as emoções vividas no Estádio.

Uma cerimónia bonita para começar...e umas sevilhanas a dançar. Cerimónia digna de um grande espectáculo e de uma grande final, como nunca tinha tido oportunidade de ver.

Depois dar uma mãozinha aos Super Dragões a distribuir cartolinas azuis. Ali todos somos uma equipa.
E depois... depois o jogo que como toda a gente se deve lembrar foi de tudo menos tranquilo. Muitos nervos, muito stress, e uns golos do Larson que nem davam tempo para festejar direito os nossos.

Mas bem lá no fim dos 120 minutos apareceu o segundo golo do Derlei. E o Mourinho de joelhos a chorar.

Ao meu lado sorrisos, lágrimas de felicidade e uns minutos intermináveis até ao apito final.

No fim, muita festa, um incrível fair play por parte dos adeptos do Celtic e umas tantas horas no chão do Aeroporto de Sevilla até voltar a casa. Valeu a pena.

Mais do que a caixa que me guarda os bilhetes e os cartões de sócio antigos... esta memória azul e branca tão preenchida, tão preenchida com coisas boas com momentos tão especiais.

http://www.youtube.com/watch?v=D7BcH-M5eds  (minuto 28)





Somos Porto!                                                              


Obrigada Pai! :p

Rita Pinto da Costa

5 comentários:

  1. Obrigada querida.. num minuto de leitura revivi com tanta intensidade esses bons momentos!!
    Adorei!!
    P.S: nossa.. como suava o nosso amiguinho..

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Caramba, Rita...Fizeste-me voltar no tempo!! Tão lindas essas memórias...Aquela caminhada apressada e ansiosa do carro até ao estádio, com paragem só para o tal preguinho! Um sem fim de cachecóis azuis e brancos lado a lado nas ruas, unidos na mesma direção...São pequenos momentos e sensações que não dá para esquecer mesmo e que tu passaste para o "papel" na perfeição!! Gracias, chica!! ***

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  4. muito bom, um jogo inesquecível como se calhar não houve nenhum, excelente texto tb gostava de lá ter estado mas vi o jogo em lisboa, no meio de alguns milhares de portistas no parque das nações, já não foi mau de todo!

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  5. Tantas memórias que nos fazem felizes. E mesmo que este ano eles tentem fazer greve de finais, não conseguimos deixar de sonhar e, semana a semana, renovar a fé. E se nada disso resultar, sabemos que há sempre um próximo ano e, porque é do Porto que falamos, temos a certeza que as férias são curtas e as vitórias regressarão antes das derrotas terem tempo de serem sentidas.

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