sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Feliz dia de la Constitución España!



Los españoles son iguales ante la ley, sin que pueda prevalecer discriminación alguna por razón de nacimiento, raza, sexo, religión, opinión o cualquier otra condición o circunstancia personal o social.

Artículo 14 Constitución Española

Assim notícia o Mundo a morte de Madiba



















Daniel Oliveira sobre a ligação portuguesa, a de Cavaco a Mandela

"Estávamos em 1987, e o mundo pressionava a África do Sul para libertar Nelson Mandela. Um homem que o Departamento de Estado norte-americano considerava "terrorista" e que Portugal não via com especial simpatia. Por essa altura, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou, com 129 votos a favor, uma resolução de solidariedade com a luta do ANC e dos sul-africanos, que incluía um apelo para a libertação incondicional de Mandela. Alguns, poucos, países estragaram a festa, faltando com o seu voto. Um deles foi os Estados Unidos, então presididos por Ronald Reagan. Outro foi o Reino Unido, que tinha ao leme a amante da democracia e da liberdade, Margaret Thatcher. 

E o outro foi Portugal, que tinha como primeiro-ministro o mesmíssimo Cavaco Silva que hoje se comove com as "verdadeiras lições de humanidade" do homem que, por pressão internacional, saiu, sem rancor, de 20 anos de cativeiro sem a ajuda de quem hoje tanto celebra o seu legado. 

(...) Bem sei que havia, como ainda agora há, uma enorme comunidade portuguesa na África do Sul. Tal como hoje, em Angola, isso, ou os nossos interesses comerciais imediatos, ou as relações estratégicas, ou qualquer outra posição interesseira, foram sempre razão última para a nossa diplomacia jogar pelo seguro e calar a sua solidariedade com quem sofre. Postura com que muita gente concorda. Estão no seu direito. Escusam é de, no dia em que os heróis se finam, fazer telediscos comentados sobre a coragem de quem nunca mereceu a sua solidariedade."

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Cidade Maravilhosa

Ir ao Rio de Janeiro era um sonho de menina. Aquelas imagens das novelas da Globo, das pessoas a correr no calçadão, da água da côco, do Cristo Redentor, e da base do Aeroporto de Santos Dumond apaixonam qualquer um.

Há um ano e pouco, consegui concretizar esse sonho. Conhecer os bairros...desde o Leblon, a Copacabana, passando por áreas mais afastadas da praia mas muito genuínas, como a Lapa, a Favela de Santa Marta, ou o bairro de Santa Teresa. Tal como esperava fiquei encantada.

Como diz a música, a "cidade é mesmo maravilhosa, e cheia de encantos mil". 

Os côcos, as empadas árabes na praia, as caipirinhas, a picanha do Garota de Ipanema (que fui com a Lu no ano passado <3), os sucos naturais, a feijoada de sábado...é tudo delicioso no "coração do Brasil".

As vistas e as paisagens?! A vista do Cristo Redentor contínua a ser a mais bonita que vi na vida e as paisagens..as do Rio são mesmo incríveis. Não há adjectivos que as possam descrever na perfeição.

Voltei lá este fim de semana mas infelizmente este ano o Rio recebeu-me com chuva e com nevoeiro. Mas a alma é a mesma. Nada altera aquele espírito. Os cariocas têm o coração cheio...são divertidos, e são os reis da descontracção. Aquecem-nos com o deu samba e com o chopp gelado. Lá não se veem palitós nem gravatas, mas muito calção e havaiana no pé. Vivem a vida com uma alegria de fazer inveja. 

Desta vez consegui ir ao Maracanã, já que no ano passado as obras para a Copa ainda não tinham terminado. Gostei, mas não sei, gostava de ter conhecido a mística antes das obras, tal como gostava de ter conhecido o Estádio da Luz antes do Euro 2004. Não é a mesma coisa...

Fui também ao Museu de Arte Contemporânea do Rio, do outro lado do Rio, em Niterói, a Almada lá do sítio. Faz parte do roteiro do Niemeyer e merece ser visitado.

Deixo-vos aqui algumas fotos. 

Beijinhos











Bons amigos são sempre bons amigos, independentemente da distância :) Dois anos que afinal pareceram dois dias ;) 

Niterói sem Filtro

Nevoeiro e com filtro do Insta









Tom Jobim :)




Daniel Oliveira sobre a Crise Demográfica

Há décadas que Portugal assiste a uma tragédia demográfica. Ela resultou, inicialmente, de boas notícias: a chegada lenta à modernidade, com a correspondente liberdade das mulheres e a sua entrada no mercado de trabalho, o planeamento familiar, o fim do trabalho infantil e mais exigência na educação e acompanhamento dos filhos. Mas Portugal viveu, desde o início dos anos 70 até hoje, um curto-circuito, em que essa chegada à modernidade não foi suficiente para mudar alguns elementos fundamentais da sua estrutura social e económica. O que resultou na convivência duma maior liberdade de escolha com condições materiais pouco favoráveis a níveis demográficos aceitáveis.
A permanente tendência de queda demográfica acentuou-se ainda mais a partir de 2010, tendo o índice sintético de fecundidade passado dos 1,35 crianças por mulher, em 2011, para 1,28, em 2012. Seriam necessários 2,1 para garantir o equilíbrio demográfico. Somos o quinto país da Europa com mais baixas taxas de natalidade. Um dos piores do mundo.
A esta crise de natalidade veio juntar-se outra: a da emigração. E quem parte é jovem, o que virá a ter efeitos ainda mais profundos na natalidade. Só em 2012, Portugal perdeu 121 mil portugueses para outros países, números que só conseguimos encontrar nos anos 60. Mais do que os nascimentos, que nem chegaram aos 90 mil, com uma queda de 7,2% em relação ao ano anterior. Tivemos mais 17.771 mortes do que nascimentos, uma diferença três vezes acima do que se tinha verificado em 2011. Ou seja: o saldo natural é mau, o saldo migratório, que até 2010 era positivo, é aterrador. Por fim, para piorar um pouco mais a coisa, tivemos a partida de muitos imigrantes, que eram responsáveis por 10% dos nascimentos.
As razões da emigração conhecemos bem. E elas não parecem preocupar grandemente o nosso governo, que, povoado de idiotas, até aconselha os jovens a saírem da sua "zona de conforto". Já as razões da queda acentuada da natalidade merecem mais atenção. Vale a pena analisar os dados do Inquérito à Fecundidade, realizado este ano por INE e Pordata. A fecundidade realizada era, no momento do inquérito, de 1,03 por pessoa. As pessoas desejariam ter, em média, 2,31 filhos mas esperam conseguir ter apenas 1,77. Não há grandes diferenças de género, idade e grupo social nestes dados. Sendo certo que pessoas de escolaridade superior esperam desejam ter mais filhos do que as de escolaridade mais baixas. Interessa saber quais são as razões para a discrepância entre o que se tem, o que se espera e o que se quer.
A principal razão pela qual a maioria dos homens e mulheres não tem filhos são os custos financeiros (68%) e, logo depois, a dificuldade em conseguir emprego (próximo de 54%). Para os que já têm filhos e pensam vir a ter mais as razões mais importantes para ficar por aí são as mesmas. No primeiro caso 84%, no segundo 52%. Já se ter os filhos que se queria também aparece, claro, neste caso, com destaque.
Segundo o inquérito, medidas que se traduzam no aumento de rendimentos das famílias com filhos são as que mais pessoas esperam do Estado para que se promova a natalidade. Como reação a estes números, o ministro Pedro Mota Soares já veio prometer um tratamento fiscal "amigo da família". O que não deixa de ser curioso, quando sabemos que cerca de meio milhão de crianças perderam o direito ao abono de família só nos últimos três anos. Isto quando o Estado português gasta apenas 1,5% do seu magro PIB no apoio económico às famílias e a média dos países da União Europeia é 2,3%. Cortar aqui é a demonstração duma política que parece apostar no suicídio assistido da nação, na suposta ideia de que a está a salvar.
Logo depois dos rendimentos, surgem, no inquérito, as questões relacionadas com as condições de trabalho. Se olharmos para a França e para a Suécia, que conseguiram inverter uma queda demográfica com políticas públicas, vemos como, para além dos apoios financeiros e serviços de apoio à infância, os períodos alargados de licença de parto paga tiveram um papel central. Acontece que a maioria dos jovens portugueses tem um quadro laboral ou instável ou inexistente. Não é possível ter este tipo de políticas num ambiente de precariedade ou com a permanente ameaça do desemprego. Pelo menos em momentos de crise, só é possível promover a natalidade promovendo a segurança laboral. Não se pode ser "defensor da família" e da desregulação das leis do trabalho, em simultâneo. Não há, muito menos em tempo de crise, crianças a nascer no meio duma completa incerteza e imprevisibilidade. É neste contexto, para além de tantas outras considerações de ordem política e social, que o processo de desregulação laboral ganha contornos de absoluta irresponsabilidade.
Se nada fizermos, Portugal vai transformar-se num país fantasma. Deixará muito brevemente de ter massa critica para o funcionamento da sua economia e recursos para garantir a sobrevivência física dos inativos. Ou seja, todos os esforços que estamos a fazer, mesmo acreditando no delírio de que têm como objetivo garantir a sustentabilidade da economia e do Estado, serão comidos por esta sangria da população ativa. Se a ideia é salvar o país, não tem de sobrar algum país para ser salvo?


Ler mais: http://expresso.sapo.pt/demografia-que-pais-sobra-para-salvar=f843974#ixzz2mcl3LVQm

" O Estado das Coisas" Adriano Moreira no DN do dia 3

Todos os males que afetam a sociedade portuguesa estão enumerados, repetidos, lamentados, e são suficientemente graves para que se lhes acrescente, e aprofunde, a divisão entre os que conjuntamente partilham o sofrimento da época que lhes aconteceu viver. A regra histórica é de que os governos se acusam reciprocamente do passado que herdam e nunca do que deixaram, salvo quando acode a lembrança de atribuir ao povo os defeitos que impediram a boa governança, o que levou um pessimista a sugerir a mudança de povo.
A situação atual não ameaça que tão radical proposta seja adotada como programa de governo, mas a emigração forçada pelas carências, e indesculpavelmente pelos conselhos de quem tem deveres diferentes, todos os dias diminui esse povo que é necessário governar, e que também recusa fazer crescer a natalidade porque não arrisca ser responsável pelo sombrio presente e futuro dos filhos.
Nesta circunstância, aprofundar o número de fraturas da comunidade, doutrinando no sentido de colocar os jovens contra os velhos, os empregados da iniciativa privada contra os funcionários, os poderes locais contra a governança central, é uma contribuição dispensável, porque a desordem mundial encarrega-se designadamente de promover os conflitos que agravam a capacidade de resposta local às exigências de ter um novo futuro com paz e esperança.
Isto significa que sendo o núcleo do problema que angustia a comunidade, a qual não está isolada nesta condição, ter trabalho e pão na mesa, o estado das coisas torna evidente que as fraturas na estrutura e articulação dos órgãos de soberania são mais profundas e inquietantes do que as que o modelo europeu já conseguiu, por toda a Europa, causar na sua relação com as sociedades civis.
É por isso que a reforma do Estado cada vez menos se confronta com a simples gestão dos serviços do Estado, e que a busca de um remédio anda enredada na pergunta, sem resposta, de analistas, e que se traduz em averiguar se o Estado que conhecemos ainda é a invenção capaz de governar, quando lhe aconteceu o "cisne negro" do globalismo, sem experiência histórica anterior que ajude a formular uma solução. Razão suficiente para entender que a proposta governamental posta em exame seja suficientemente vaga para conseguir orientar a busca da nova governança, com a vigente irremediavelmente dividida em fações, cada uma enfrentando o problema de compreender o mesmo cisne negro, e reformular a estrutura e referências específicas de cada uma.
As manifestações populares não enquadradas são todavia um sinal dessa exigência, e o apelo, esquecido, do modesto cidadão que se dirigiu ao provedor de Justiça, pedindo o reconhecimento do seu direito de resistência porque não tem recursos para sustentar os filhos e portanto nenhuns para sustentar o Estado que temos, merecia uma resposta audível pela comunidade que começa a ter conhecimento, direto ou indireto, da opinião de Jefferson quando, já depois de Filadélfia, lhe foi comunicado para Paris, onde estava como embaixador, que essa resistência se manifestava na recente independente América: respondeu que ainda bem, a bem da defesa dos princípios.
Agora trata-se das lembradas necessidades vitais, do pão de cada dia, do trabalho honrado, da dignidade, tudo coisas que são do interesse público, não são do interesse dos poderes anónimos que governam as finanças mundiais, e fazem da especulação imaginativa a sua especialidade, e do interesse privado o seu credo.
A nossa casa europeia está dividida, a nossa casa portuguesa está dividida, a sociedade civil, que é antes de mais uma comunidade de afetos a preservar, espera que um dos centros de poder tome a responsabilidade de chamar à visão da realidade, antes que a governança se veja compelida a assumir a decisão de afastar responsabilidades no desastre, que vai envolvendo o Sul mediterrânico e ameaça o Ocidente.
Uma das vias mais evidentes da urgência de assumir uma atitude renovada está em que os caminhos que os povos do Norte desceram até ultrapassar o limes romano, são agora os que os do Sul sobem como emigrantes em busca de futuro.


Henrique Monteiro em resposta a Ricardo Costa : Sobre a importância do 1 de Dezembro e sua celebração

Hoje sou eu a criticar Ricardo Costa
Mas o Ricardo não tem razão. É uma coisa que lhe acontece (como a todos) de vez em quando. Não tem por dois motivos:


"Não devemos brincar com datas históricas, fundamentais à identidade nacional, como se isso só dissesse a respeito aos que agora cruzam a pátria". A frase é bonita e foi ontem escrita pelo diretor deste jornal para criticar um texto meu. Aposto que muitos leitores acham que fazemos de propósito para atrair audiências, mas não. Apesar de sermos amigos, não combinámos.
1)      O Governo não extinguiu o feriado do 1º de Dezembro por nada de especial, mas apenas porque alguém meteu na cabeça da troika que era preciso extinguir feriados. Dois religiosos e dois civis. Civis só havia à mão o 25 de Abril, o 1º de Maio, o 10 de Junho, o 5 de Outubro e o 1º de Dezembro. Como não podia acabar com o dia da Liberdade nem com o do Trabalhador; como o 10 de Junho fora recuperado como dia de Portugal (a substituir o da padroeira, Imaculada Conceição, Rainha de Portugal, dia 8 de Dezembro que era celebrado desde 1646); tendo-se-lhe ainda juntado o dia de Camões e das Comunidades, baseado numa semi-lenda, a da morte de Camões, nesse dia, em 1580, pouco antes de Portugal passar a ter Filipe II de Espanha como rei, extinguiram-se os dois restantes - República e Restauração. Mas pensar, ou sequer insinuar, que o Governo andou às voltas com problemas de identidade nacional é conferir-lhe um pensamento sobre algo que por aqueles lados não existe;
2)      O 1º de Dezembro, como tentei relatar, é uma construção feita mais ou menos há 150 anos e não fundamental à nossa identidade. O 24 de Julho (data do desembarque dos liberais em Lisboa) ou o fim do cerco miguelista ao Porto, em agosto do mesmo ano, seriam mais importantes. Para não falar do 11 de Novembro (feriado em quase toda a Europa) quando terminou a I Grande Guerra; ou mesmo o 9 de Abril, data da batalha de La Lys em que perdemos tantos soldados. Estas são datas reais de heroísmo popular e não construções "à medida" de quem delas se quer aproveitar.
Vamos agora à parte em que Ricardo Costa tem razão. A maioria dos feriados "assenta muito mais numa representação construída (à medida de quem serve e, naturalmente, o celebra ou simplesmente goza)". Por isso mesmo o 1º de Dezembro foi sempre à medida de ultra-nacionalistas e era o feriado mais reacionário do nosso calendário civil. Se fosse eu a mandar, também não o extinguia (porque não são mais três ou quatro feriados que provocam a nossa baixa produtividade), mas sinceramente não me ponho a chorar por se deixar de comemorar a data. Mas isto, claro, são diferenças entre quem teve de aguentar os tempos antes do 25 de Abril e quem só já viveu depois, como o Ricardo.


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