segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Praxes: o país das histerias por Henrique Monteiro (Expresso de Domingo)

Eu não sei o que se passou na praia do Meco há 40 dias, mas devo ser um dos poucos cidadãos portugueses que o afirma sem reservas. Eu não sei se as praxes tiveram alguma coisa a ver com a morte de seis jovens universitários, mas muita gente à minha volta parece saber. Comentadores insuspeitos de arroubos mediáticos como Pacheco Pereira ou Vasco Pulido Valente discorreram sobre as praxes com se elas fossem o caminho direto para a degradação da juventude. E eu, uma vez mais, não sei se serão.
Sei que há praxes violentas e praxes engraçadas. Sei que há praxes humilhantes e praxes apenas risíveis. Sei, sobretudo, que no mundo esterilizado e assético a que a maioria parece aspirar, não há lugar para a folia, para o exagero, para a caricatura, para a troça. As praxes também são isto, como o Carnaval (festa que não é da minha simpatia) também é. Como na Idade Média mais funda, hoje o riso parece voltar a ser subversivo.
Eu nunca participei numa praxe nem nunca usei capa e batina, porque isso eram coisas de Coimbra. Em Lisboa, na Universidade de Lisboa, nada disso existia no meu tempo. Porém, a praxe e a capa e batina em Coimbra têm uma história que quem lá andou conhece melhor do que eu. A capa destinava-se a ocultar a proveniência regional e diferenças classistas entre os estudantes. A praxe era uma espécie de iniciação integradora dos mais novos (recém-chegados) pelos mais velhos.
Nada disto tem alguma coisa de mal. Há praxes militares; há praxes em clubes e associações e nas mais diversas profissões. Havia praxes nas redações de jornais. O mal foi a boçalidade que certas faculdades e Universidades permitiram. Ontem, o ex-diretor da Faculdade de Direito da Universidade Católica do Porto e ex-presidente da ERC, Azeredo Lopes, escreveu no Facebook que aplicara restrições às praxes de tal forma que qualquer abuso das regras resultava em expulsão. Fez bem. É exatamente isto, e não as praxes em si, que se deve combater.
Mas nesta sociedade de manada e histeria (em certo sentido todas as manadas são histéricas e todas as histerias funcionam em manada) confunde-se tudo. Reparemos no tanto que já foi escrito e dito sobre o assunto; quase não há lugar para dúvidas. Desconfiava-se de um rapaz de quem se dizia que tinha amnésia e seria o Dux Veteranorum das praxes. Afinal, revela ontem a edição semanal do Expresso, esse mesmo rapaz foi salvo pela Polícia Marítima num estado de pré-afogamento. Afinal não tem amnésia nenhuma e fontes da PJ (o processo já está no célebre segredo de justiça de forma a se poderem dizer as maiores enormidades sem contraditório) dizem que será chamado em breve à investigação. A PGR diz que ainda nenhuma família se constitui assistente (ou parte acusatória) do processo
Mas as praxes, sejam elas quais forem, já são apelidadas de fascistas, de assassinas, de abjeções, de tudo! Isto é um país que há de ir do 8 ao 80, sem que quase ninguém reflita um milésimo de segundo sobre o significado das coisas. Há razões para haver praxes, ou pode haver (embora pessoalmente não simpatize com a coisa); há praxes que deviam ser proibidas pelas universidades e pela lei. Não por serem praxes, mas por serem atentados à dignidade ou à liberdade dos alunos. É apenas isto que está em causa, no caso das mortes do Meco terem alguma em concreto a ver com as praxes.
Porque é isso que não se sabe, embora seja isso que todos discutem.


Ler mais: http://expresso.sapo.pt/praxes-o-pais-das-histerias=f852618#ixzz2rYRevO4m

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Chair


Foto publicada por Blog Russo Buro 24/7 no dia de Martin Luther King.

Para saber mais sobre a história: Aqui.  e aqui. 

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

João Miguel Tavares hoje no Público

Hoje partilho convosco a opinião de João Miguel Tavares no Público, ainda sobre a co-adopção e sobre a proposta de referendo feita pelo PSD (J).
Aconselho-vos a visitarem todos os dias as opiniões do Público, do Expresso, e se tiverem tempo as do DN. Valem a pena, e podem ser para vocês, o que são para mim, a companhia do pequeno-almoço.


Retire-se o Amor por João Miguel Tavares

Acreditem: eu faço um esforço genuíno para compreender os argumentos das pessoas que pensam de forma diferente da minha. Por isso, eu consigo perceber os dois lados na questão do aborto. Eu consigo perceber os dois lados na questão da eutanásia. Eu consigo perceber os dois lados na questão da pena de morte. Eu consigo perceber os dois lados na questão do casamento homossexual. Eu consigo perceber os dois lados na questão da adopção por casais gay. Mas eu não consigo perceber os dois lados na questão da co-adopção.
Ou melhor, consigo, se as pessoas que se opõem à co-adopção recusarem dois princípios civilizacionais básicos: 1) os interesses de uma criança têm prevalência sobre os interesses de um adulto; 2) uma criança tem direito a manter os laços afectivos com as pessoas que ela considera serem as suas figuras maternas ou paternas (e que podem ser, ou não, os pais e mães biológicos). Aceitando a premissa 1 e a premissa 2, e aceitando que uma criança não deve ser retirada de um lar se estiver a ser criada por homossexuais (coisa que ainda não vi ser defendida por nenhum opositor da co-adopção), eu diria que estamos perante o óbvio ululante: essa criança tem o direito de estar legalmente vinculada ao casal que a está a criar.
Ainda assim, dada a minha fé na espécie humana e na necessidade de compreender aqueles que não pensam como eu, nos últimos dois dias passei horas e horas a ler e a debater em blogues e nas redes sociais sobre a co-adopção, à espera que alguma alma fosse capaz de me oferecer um só argumento compreensível para a sua rejeição, que não passasse pela alergia ao lóbi LGBT ou pela invocação de coisas como o “direito à identidade”, que ainda que consideremos altamente relevante tem o problema de já estar neste momento posto em causa nas famílias homossexuais que estão a criar as crianças. As mesmas crianças – recorde-se – que ninguém se atreve a defender que sejam retiradas às famílias homossexuais.
E portanto, por mais tolerante, e inclusivo, e relativista, e democrata que eu tente ser, confesso a minha extrema dificuldade em discutir com pessoas que tratam a lógica como se fosse uma batata. As voltas à coluna vertebral que são necessárias para que os opositores da co-adopção não admitam à luz do dia o que realmente os move – ou seja, que é preferível o lóbi LGBT perder esta guerra do que algumas centenas de crianças verem a sua situação resolvida – vai ao ponto de gente como Helena Matos (no Diário Económico) ou João Miranda (no blogue Blasfémias) defenderem que o amor e a afectividade devem ser retirados da equação. “O que está em causa não é uma questão de amor ou de competência para tratar das crianças mas sim de modelo familiar e de direito à identidade”, escreve Helena Matos.
Assim à partida, eu diria que aquilo que está em causa, do princípio ao fim, é mesmo uma questão de amor e de afectividade. Não de amor dos pais pelos filhos, nem dos pais entre eles – isso são questões que se colocam na adopção, e que nesse âmbito podem e devem ser discutidas –, mas daquele tipo de amor que mais sentido faz proteger legalmente: o que une os filhos aos seus pais. Agora, a bem de a lógica não ser uma batata, numa coisa temos de dar inteira razão a Helena Matos e a João Miranda: se da questão da co-adopção extirparmos todo o amor e toda a afectividade, eu também não vejo por que razão há-de ela ser permitida. Há que dar o braço a torcer. Retire-se o amor – e tudo ficará bem.

Fuerza Tigre!


Se senti as incríveis imagens chegadas de Bogotá quando a Colômbia se apurou para o Mundial do Brasil, hoje sinto a tristeza pela lesão do seu melhor jogador, que provavelmente o impedirá de estar nesse Mundial. Seria a Copa do Falcão.

E para nós, os apaixonados, o Falcão faz falta ao jogo.

Fuerza Tigre!! Recuperáte!! <3

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Road to the Oscars 2014

Disse estes dias que o Leonardo Di Caprio merecia ganhar um Óscar, referindo-me essencialmente ao facto de nos últimos 15 anos o seu percurso nunca ter sido premiado pela Academia de Hollywood. Embora sabendo que a Academia nomeia/premeia papéis específicos, e não sendo este o melhor papel dele, nem o melhor filme, acho que pode ganhar honrando todos esses grandes filmes que já fez.

Quanto a este "The Wolf of Wall Street",  biografia de Jordan Belfort, um mafioso corrupto, envolvido com álcool e droga, acho que é mais um bom filme da dupla Scorsese - Di Caprio, com algumas grandes cenas do ator (a da entrada no carro, por exemplo!) mas que talvez seja um pouco exagerado e demasiado duro quando trata da relação de Belfort com a droga.



E como já vem sendo habitual, durante o mês de Janeiro procuro ver os filmes nomeados para os Óscares. Por isso, também esta semana vi o "12 years a Slave". Confesso que tive que tapar os olhos algumas vezes, tamanha é a violência. Sim é um filme, mas é o retrato de tantos anos de escravidão e menosprezo pela população negra nos Estados Unidos. Marcante e doloroso.


"Dallas Buyers Club". Digo que o Di Caprio merece um Óscar, mas o papel do Matthew neste filme é grandioso. Não querendo acreditar na SIDA que se apoderou do seu corpo, e numa corrida contra o tempo, que diz o médico ter de vida, Ron Woodroof tenta aproveitar o que resta da melhor forma, tentando ainda, a todo o custo, a sua cura. Uma lição também sobre a "industria" da saúde, e farmacêutica.

Aconselho, tal como aconselho os outros dois.



Continuarei este "Road to the Oscars", ainda que não perceba nadinha de cinema :)

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

My favorite

Será desta Baby?
Há anos que o merece. Na minha humilde opinião, acho que já por mais que uma vez o Leo merecia ter levado o Óscar para casa. 

Sou suspeita. É dos meus actores preferidos.  Sou daquelas que, há já algum tempo, foi ver tudo (TUDO) o que havia para trás do Romeo e Julieta e do Titanic, não só porque como miúda me apaixonei nesses pelo Leo, :p mas porque tudo o que veio a seguir foi tão bom, que não resisti a ir ver o Leo ainda mais pequenino. This Boy´s Life, Basketball Diaries, Celebraty, Gibert Grape (com o Johnny Depp como mano mais velho, tão, tão bom!!!)...para não falar da Praia, dos Gang´s de NY, do Catch me if you can (um dos melhores!!!!), The Departed  ou o Shutter Island (a dupla, Scorsese e Leo, gosto tanto), o Diamante de Sangue (!), o Inception, o J.Edgar (!), o Django, o Gatsby...

Vai ser com o Lobo, não menosprezando ninguém....nem os 20 kg perdidos pelo Matthew, nem o Bale, o Bruce Dern ou Chiwetel Ejiofor mas o Leo mereceeee!!
This Boy´s Life 1993
What´s eating Gilbert Grape? Grande, grande filme do Leo,

                                             


Beijinhos* Bom fim de semana ;)

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

2013 em Viagem


Berlim - Fevereiro 

Ainda com marcas bem vivas da Guerra e das histórias da História do século passado. Uma paragem obrigatória na Europa. Berlim tem muita juventude e muita vida! 
Do Porto conseguem ir para Berlim por Frankfurt pela Ryanair, ou por Madrid, pela Easyjet.

Monumento ao Holocausto


O Muro

Segóvia - Março

Num dia apenas consegue-se visitar Segóvia. Tal como Toledo, Aranjuez, El Escorial, ou San Sebastían de los Reyes é uma cidade que merece uma visita para quem passa uns dias por Madrid. Bonita, antiga, e acolhedora. De Madrid, há autocarros para Segóvia de meia em meia hora, a sair de Moncloa, Avenida de América, etc. 

Catedral de Segovia

Plaza Mayor de Segovia


Barcelona - Abril

Visitar e rever amigos. Portugueses e espanhóis. Voltei a Barcelona em 2013, pela terceira vez na vida. Se não gosto da discussão entre o Porto e Lisboa, não gosto da discussão entre Barcelona e Madrid, Messi ou Ronaldo. Admiremos a beleza das duas cidades, os seus parques, os seus monumentos,  o moderno e o clássico, a Barceloneta, e o Madrid Rio. ;p
Para Barcelona há vôos low cost do Porto e de Lisboa, para Barcelona Prat e para Girona.

Parc Guell

Londres - Junho

Este ano também regressei a Londres, em Junho. Desconhecia ainda o dia londrino com sol e sem chuva, o que finalmente tive oportunidade de presenciar. E gostei. Londres como talvez qualquer outra capital tem sempre algo novo a conhecer, sempre algo novo a descobrir. 

E "when a man is tired of London, he is tired of life"

Westminster Bridge

Andaluzia - Setembro 

Quem me conhece sabe do carinho, e da relação que mantenho com Espanha, e com os espanhóis. É a minha segunda casa, e qualquer viagem que faça por aquelas terras me vai parecer que estou em Portugal, não considerando por isso, que seja realmente uma "viagem". As paisagens espanholas nunca me iludem, apresentam-se me e ficam. Granada e Córdoba, passando este ano, uma vez mais por Sevilha. Bonitas, donas de uma simpatia inigualável, com muitas histórias passadas... y todas con ese flamenco, esa calor y ese aciento que me deja siempre encantada! 

Plaza de España, Sevilla

Córdoba 

Fortaleza - Outubro

Poucas memórias, muito pouco tempo. A recordar o passeio pela Avenida Beira Mar e o Mercadinho de Peixe. Pessoas e ambientes diferentes daqueles que se podem encontrar no Rio ou em São Paulo. Diversidade Brasileira, afinal de contas eles são 200 milhões. 


Avenida da Boa Viagem

São Paulo - Outubro- Dezembro

Sou suspeita. Adoro a cidade caótica,  o trânsito, as buzinas das motas, as multidões a atravessarem as enormes avenidas de prédios gigantes...Gosto de Sampa e hei de lá voltar.

Vista do Terraço Itália

Maresias- Novembro

Praia localizada em São Paulo, a alguns quilómetros da capital do Estado. Bonita e com um incrível pôr de sol. Que não se deixe de fazer um passeio a pé pela praia, observar os surfistas profissionais e ir ao cantinho que nos faz lembrar o cenário do Lost. ;)

Praia de Maresias

Pantanal e Chapada dos Guimarães, Cuiabá, Mato Grosso - Novembro

A viagem de 2013. Para quem insistentemente faz do Brasil praia, calçadão e Rio de Janeiro, que se informe sobre as intermináveis belezas que há a visitar. Paisagem e território imenso, para todos os gostos e feitios. Brasil. <3 O Pantanal é inacreditável. Nunca na minha vida tinha imaginado estar num, as fotos não podem estar aqui todas mas nem elas conseguem traduzir o que é o maior Pantanal do Mundo. Todos os animais que procurávamos lá estavam. Muitos acabei por conhecer. Brutal. Para Cuiaba, há vôos directos, de São Paulo, de Brasília, por exemplo. 

Chapada dos Guimarães

Na Pousada do Pantanal











Rio de Janeiro -  Dezembro

Barco Niterói - Rio

É a cidade maravilhosa, e pouco mais há a dizer. Ainda há muito a fazer no Brasil, e na cidade mais visitada no seu território, mas ainda assim, duvido que no mundo existam paisagens mais bonitas. 


sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Eusébio, por Fernando Alves em Sinais (TSF)

Apesar de não tenha vivido na grande época futebolística de Eusébio, apesar do Benfica dos grandes êxitos, dos anos 60 não fazer parte do meu álbum de memórias, sou uma apaixonada por futebol. Como tal, desde que me lembro que conheço a história do moçambicano com mais alma portuguesa que alguma vez poderá existir. Como tal, os golos á Coreia do Norte não os vi pela primeira vez agora, mas sim há muito tempo. Admiro o seu percurso, a sua bondade e humildade, e acima de tudo, aquilo que mais o notabilizou, o futebol, a sua força, e o seu indescritível talento.

E quer queiramos quer não, temos que reconhecer quem, neste pequeno país á beira mar plantado, consegue levar o nome de Portugal a outros mundos.

Obrigada, Eusébio!



Cliquem no link abaixo e ouçam o Sinais (TSF) dedicado à Pantera Negra.

Eusébio, por Fernando Alves